INQUIETUDE

A vontade de sentar em volta de uma mesa com meus melhores amigos é maior do que a vontade de dormir. Enquanto uma boa parte da população aproveita as esperadas férias, eu dobro a quantidade de aulas e trabalho 14 horas por dia. Reclamar é algo que não faço e se o fizesse eu estaria possuído por algum espírito preguiçoso, ou um bem cansado no mínimo.
Entre outros desejos incontroláveis nesse período da minha vida, sentar-me com meus amigos para contar pessoalmente como estou e mostrar para cada um a alegria que brilha em meus olhos são as duas coisas que eu mais queria. Entre olheiras e olhos vermelhos de sono, a inquietação reina.
Todos os dias penso nas mesmas pessoas e nos mesmos amigos. Sinto a mesma vontade de vê-los, receber notícias e abraçá-los.
Queria postar uma carta que recebi, mas seria expor algo feito com atenção e carinho exclusivamente para mim. Serei egoísta e apenas contarei o quão bom é acordar com palavras que te completam.
Fico perguntando o que aconteceu que aquela espontaneidade com que eu estava me acostumando ao escrever. Sinto me como se o rumo das palavras estivessem sendo desviado, não estou colocando em palavras o tema que realmente está fluindo em mim. De qualquer forma, tento com persistência.
Novamente uso a palavra "egoísta", é exatamente isso que estou sendo por não querer dividir um pouco dessa sensação. Preciso fazer isso?
Bom, vou me conter e deixar que minhas atitudes, meu novo jeito de viver e minha nova pisada mostrem aos que me rodeiam o novo cara que estou me considerando.
O que grita dentro de mim é "Por quanto tempo existirá isso?" e a resposta que berra em um tom assustador é "Que graça teria o salto de pára-quedas se a adrenalina não existisse mais?".
Leio e me sinto como minha mãe que tem prazer em cozinhar para as pessoas, mas não vê graça na própria comida. Mais uma vez vejo que não sou bom com as palavras, mas tento!
Ah, como eu queria encostar em meus amigos e transferir um pouco dessa emoção. Queria jogar em uma bacia de prata com água um vidrinho com as emoções que tenho. Assim como Dumbledore faz com o bruxo Harry Potter. Fico imaginando as lágrimas nos olhos dos meus amigos.
Que alegria é essa que me consome tão fortemente? Que amigos são esses que me presenteiam com suas risadas, histórias e a mais aguda curiosidade?
Escrevo e dou risada sozinho em frente ao computador, me irrito com as constantes ligações enquanto tentando escrever para não perder o costume. Na verdade escrever tornou-se a mais prazerosa terapia, a massagem que relaxa meus ombros tensos.
Tentei escrever uma carta e terminei compondo uma canção, pelo menos foi essa a definição que dei para aquelas palavras que escrevi enquanto cantarolava uma melodia que se encaixava nas palavras ali colocadas.
Estou inquieto, algo se move fortemente como se eu estivesse sendo assistido por dezenas de pessoas. Um desconforto confortável.

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