BANQUETE

Minha vida parece um verdadeiro "buffet", uma porção de ansiedade, coragem, lembranças, saudade, ousadia... Começa bem como aquelas bancadas em que temos as saladas, prato principal, acompanhamento e o melhor que é a sobremesa, apenas para o final.
Às vezes eu sinto como se essa ordem se invertesse propositadamente sem a minha prévia autorização. O restaurante é meu, eu faço a compra, eu contrato os funcionários, eu lidero cada etapa. O problema é que como tudo na vida, sempre existe outras pessoas ligadas em qualquer área de minha vida.
Vou ao médico e lá está ele, aquele médico que acho boçal e não gosto da forma de atender. Na academia os instrutores parecem estar lá por obrigação, não dando a devida atenção. E dessa forma eu concluo que preciso mentalizar coisas boas, afastar os pensamentos negativos, e agir como se fosse a pessoa mais centrada na face da terra. Um ser desprovido de maldades e malícias.
Tenho tentado arduamente ser esse modelo de pessoa para que eu possa até me convencer de que é possível ser assim. Não faço isso para impressionar ninguém, faço-o para que minha cabeça se abstraia de coisas vazias.
Sento na cama, acendo uma vela, coloco uma música de meditação e sigo as instruções aprendidas nas poucas aulas de yoga que fiz há alguns anos. Fecho os olhos, foco na respiração e me concentro nela. Aos poucos diversos pensamentos correm de encontro à minha mente e mais que rápido eu os coloco em ordem de importância, volto a me concentrar na respiração e quando me dou conta a música já acabou.
Não compreendo como a ordem do buffet se altera tão rapidamente, no mesmo banquete passo diversas vezes próximo ao balcão e a colocação dos pratos está diferente. Há momentos em que eu olho e há pratos novos que alguns minutos antes não havia.
Nesses pensamentos loucos, idéias sem nexo e sentimentos alternados, eu fico à espera de um milagre. Uma luz não no fim do túnel, mas no centro dele para que possa decidir qual porta escolher. Querer saber o que encontrarei no final é um tanto quanto ingênuo da minha parte. Dessa forma me contento apenas em saber que caminhos inexplorados estão ali. A chave é universal, abre todas as portas e basta entrar.

Ouvindo apenas os gritos em minha mente.

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