OVO NOS OVOS

Foi numa madrugada bem fria que realmente senti como é forte um pé no saco. Não, não, na verdade como é forte um ovo no saco.
Foi voltando de um baile da primavera que eu achei que estava perto da morte. Tudo por causa de um ato diabólico.
Para entender como tudo aconteceu, e para sentir o drama e a graça dessa história é preciso relatar com precisão aqueles 13 minutos e 35 segundos de dor.
Na esquina da Sete de Setembro com a Marechal Floriano Peixoto, voltando para casa com as 3 testemunhas foi que um carro preto, placa XXXXXXX (proibido expor o sujeito segundo ordem do juiz Dr. XXXXXXX XXXXXXX XX XXXXXX) que eu senti umas das maiores dores possíveis de se imaginar.
"Um tiro?" pensei. Foi a sensação que tive. Sentia uma dor em meu corpo e sabia que um objeto havia entrado em contato com alguma região que ainda não estava definida, pois a dor era como uma anestesia geral. Pelo menos nos primeiros 0:25 segundos por que depois ela foi se intensificando e eu sabia que os ovos tinham sido atingidos. Mas o que os atingiu? Não me recordo se foi uma das testemunhas que o viu ou se eu que mesmo quase em choque o vi- um OVO. Não posso tratá-lo apenas como um ovo, mas sim O OVO. Aquele que foi responsável por aquela sensação de pré-morte, pois não posso me esquecer que havia pensado na hipótese de ter sido baleado.
Hoje dou risada do ocorrido, como rio de muitas outras desgraças que me aconteceram durante os 18 aninhos que já não tenho mais há muitos anos atrás.

"O OVO", foi lembrado hoje por que vi um cara coçando seus "ovos" vindo para casa exatamente no mesmo trajeto e próximo daquele local que fui atingido.
Não fiquei com trauma pois estranhamente passei a comer mais ovos, mas não consigo mais chamar uma menina de galinha por exemplo. Seria uma forma de não me lembrar do "OVO? Quando vou ao mercado não preciso pedir por ovos, simplesmente pego a embalagem, coloco em minha cestinha verde e pago como faço com os outros produtos.
Como seria se a mocinha do caixa falasse cada produto em voz alta? Uma pasta de dente "Sorridente", duas caixas de suco de soja "susoja", ração para cães "coma você também", ovos "granja diabólica"... Como? Ovos? Diabólica? Meu ovos seriam protegidos instantâneamente com minhas mãos. Acho que até me agacharia para me defender.

Após ver o cara coçando seus "ovos" nesta noite, eu passei em uma banca de jornais para procurar uma coleção de filmes clássicos. Entrando na loja estava uma mãe com sua criança de aproximadamente dois anos no colo mexendo nos doces que estavam no balcão. Como não poderia deixar de ser, a criança derrubou um doce no chão e eu estava ao lado, como um bom cidadão eu resolvi pegar o doce do chão entregando nas mãos da mãe que nem ao menos me olhou nos olhos, ou disse um simples obrigado. Vaca! - Não, galinha! pois isso sim que é um pé no saco. Uma pessoa sem educação, que nem ao menos pode dizer um obrigado.
Filho da p. foi o que xinguei o sujeito que me acertou nos "ovos", talvez eu tenha gritado "sua mãe é uma galinha", mas essa com certeza não seria uma galinha, por que com a força que o cretino certamente a sua mãe era no mínimo uma vaca, baleia e até mesmo um dragão. Menos galinha!



Ouvindo: Remioromen - Konayuki

Comentários

Plenno disse…
gostei do seu jeito de escrever
de narrar
e principalmente dos trocadilhos que claro só entendem quem lê o contexto.

Postagens mais visitadas